Para especialistas, país pode ser líder mundial na área, graças à biodiversidade, quantidade de biomassa e capacidade da agricultura |
“Eu acredito piamente que o uso da nossa biodiversidade de forma sustentável é uma das soluções para que possamos ter um crescimento vertiginoso em termos de riquezas, qualidade de vida, desenvolvimento econômico e social”, disse Pontes em seminário com integrantes da Frente Parlamentar Mista da Bioeconomia.
De acordo com o MCTIC, a bioeconomia busca aliar o desenvolvimento de produtos, processos e serviços à sustentabilidade. Ou seja, o setor busca solucionar problemas relacionados à saúde, segurança hídrica, energética e alimentar, químicos renováveis, aumento da produtividade agropecuária e energética sem comprometer os ecossistemas.
Segundo Pontes, dominar a bioeconomia é importante para evitar que o Brasil continue a depender da produção externa, como ocorre em meio à pandemia do novo coronavírus. “Temos que estar preparados para responder em termos de equipamentos e produção de reagentes no país, porque em um momento desses a procura e a demanda são muito grandes. O fato de termos concentrado a produção de equipamentos na China ou de insumos na Índia e em outros países nos dá insegurança.”
Cenário atual
A cana de açúcar é o melhor e mais famoso exemplo de como o Brasil tem capacidade para ser destaque na bioeconomia mundial. O biocombustível etanol, por exemplo, é obtido a partir da planta. Nesse segmento, o país é referência, afirma Eduardo do Couto e Silva, diretor do Laboratório Nacional de Biorrenováveis, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
“Brasil e Estados Unidos produzem cerca de 85% dos biocombustíveis no mundo. Essa é uma conquista de décadas das políticas públicas de incentivo, resiliência dos empresários do setor sucroenergético e a força da agricultura brasileira no fornecimento dessa biomassa.”
Perspectivas
Segundo especialistas, o Brasil possui todos os quesitos para ser se tornar um líder em bioeconomia em escala global: maior biodiversidade do mundo, muita biomassa a um preço baixo e agricultura desenvolvida e sustentável.
Para Eduardo, o futuro pode ser promissor se houver investimento em ciência e tecnologia. “Eu vejo grandes perspectivas para o futuro, porque o Brasil é reconhecido internacionalmente por possuir uma biomassa abundante, diversificada e de baixo custo e abriga uma das maiores biodiversidades do planeta, mas para isso chegar ao consumidor, precisamos de ciência e tecnologia”, avalia.
Organização Social financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o CNPEM, por exemplo, tem atuado em pesquisa e desenvolvimento em temas estratégicos de diversos setores da economia. A entidade desenvolve um estudo que avalia a possibilidade de usar a palha e o bagaço da cana de açúcar para gerar eletricidade, substituindo fontes fósseis mais poluidoras, como o diesel e, assim, reduzir a quantidade de gases lançados na atmosfera.
Bioeconomia em números
Dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a bioeconomia movimenta cerca de 2 trilhões de euros e é responsável por 22 milhões de empregos em todo mundo. A organização estima que em 10 anos, 2,7% do PIB (Produto Interno Bruto) de seus países membros virá do setor.